Em 1993, depois de anos de engajamento de vários setores da sociedade de Bauru e mutirão de famílias, o Projeto Desfavelamento, que em um futuro breve seria chamado de Núcleo Fortunato Rocha Lima, começou a ser tirado
do papel.
O objetivo era arrojado: erradicar as favelas da cidade e proporcionar aos seus habitantes melhores condições de moradia e de habitação em geral. Tão arrojado que a proposta ganhou o mundo – essa descrição que você leu acima encontra-se na Biblioteca Cidades para um Futuro mais Sustentável, mantido pelo Programa de Gestão Urbana da
Escola Técnica Superior de Arquitetura da Universidade Politécnica de Madri, na Espanha, referência mundial em arquitetura e urbanismo.
Mas nem tudo (ainda) era flores. Entre alguns grupos de entidades assistenciais que atuavam em comunidades de Bauru, havia uma preocupação: não bastava moradia, eram necessários projetos sociais.
Uriel de Almeida, presidente do CEAC, conta que a preocupação foi compartilhada com o prefeito na época, Francisco Tidei de Lima. O chefe do Executivo municipal acatou, então, a sugestão para que as entidades atuantes junto às famílias do mutirão recebessem terrenos para construir projetos assistenciais.
Entre as entidades contempladas estava o CEAC. “Depois de aprovada em reunião de diretoria, começamos a campanha para arrecadar fundos para a construção do projeto e, em paralelo, a proposta educacional e social foi
sendo concebida”, relembra Uriel. Desse processo participaram, além de Uriel, as voluntárias Márcia Busch, Shirley Pinatto, Amélia Freires e Neuza Bello Salcedo, da área de pedagogia.
Juntos desenvolveram a proposta: um prédio com salas com capacidade cada uma para atender 20 alunos, no contraturno da escola, para oferecer serviço de convivência e fortalecimento de vínculos. Toda a obra foi supervisionada pelo então diretor do CEAC (hoje desencarnado) João Mendes dos Santos.
O objetivo em torno da proposta também era diferenciado: oferecer, por meio de atividades baseadas no método
Waldorf, oportunidades para essas crianças e suas famílias acreditassem e tivessem possibilidades de construir um futuro melhor. Como? Voltando-se ao sol por meio de ações sociais. Nascia, assim, em 1997, o Projeto Girassol.
Ações atendem 185 crianças e adolescentes
O Projeto Girassol atende atualmente 185 crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, no contraturno escolar, residentes no território do Centro de Referência Social (CRAS) IX de julho, cobrindo a área do Núcleo Fortunato Rocha
Lima, Jaraguá, Parque Roosevelt e Santa Edwiges e Parque Primavera.
Eles e suas famílias são atendidos com recursos do CEAC e do convênio firmado entre o Centro Espírita e a Secretaria do Bem-Estar Social (Sebes), da Prefeitura Municipal de Bauru.
Outra fonte são doações de empresas e pessoas físicas, destinadas a o CEAC o u diretamente ao Projeto Girassol.
As atividades são desenvolvidas por 11 profissionais e 20 voluntários, distribuídos nas áreas de assistência social, psicologia, música , dança , esportes, informática, marcenaria, entre outros. Além disso, por mês, 8.600 refeições e lanches são servidos.
“Nossa missão se traduz em proporcionar às crianças e aos adolescentes um conjunto de atividades estabelecidas para promover o progresso psicossocial e intelecto-emocional e despertar em cada um o senso de dever perante a sociedade e autonomia no pensar e agir”, explica Maurício Gonçalves de Moura, coordenador do Projeto Girassol.
Maurício faz questão de ressaltar que essas conquistas são resultado de uma missão e uma identidade construída em parceria com a comunidade. “Foram dias maravilhosos regados muitas vezes com lágrimas, outras tantas com
suor, mas sempre, em todos os momentos, com a alegria nos olhos e no coração. Seguimos firmes e fortes certos de que estamos na direção certa”, afirma.
“O Projeto Girassol, e os demais serviços ou projetos do CEAC, buscam mostrar às crianças que elas podem escrever as suas histórias de forma diferente, melhorando a autoestima, fazendo com que elas acreditem e construam um futuro melhor”, finaliza Uriel de Almeida, presidente do CEAC.